... que escrevia, mesmo não sabendo....
Era uma vez uma menina não muito pequena, sorridente e com tendências à melancolia.
Um dia ela viu uma palavra escrita em algum lugar e achou lindo aquilo de escrever palavras nos lugares.
Disseram pra essa menina que dali a alguns anos ela iria aprender a escrever essas palavras todas.
Ela ficou muito feliz, mas não conseguiu esperar muito tempo, começou a escrever mesmo sem saber.
À tarde , quando o apartamento ficava em silêncio, ela sentava em frente a uma mesinha, pegava papel e caneta, e fazia de conta que estava escrevendo.
Até que um dia ela aprendeu a escrever de verdade.
E não parou mais.
Apresentaram a gramática, a literatura, uns livros com histórias bem compridas.
História, geografia.
Começou a escrever poesia, diário...
E ela ficava cada vez mais encantada com o mundo das letras.
Seu grande desespero foram os números e quando misturaram as letras com os números ela ficou realmente confusa e passou por muitas dificuldades.
...
Ela foi crescendo e escrevendo.
Quando estava triste, a vontade de escrever era ainda maior.
Quando estava feliz escrevia bilhetes ou cartas.
Escrevia na mão, no guardanapo, na madeira da cama, na areia ou no chão, com giz mesmo...
E suas palavras aumentavam dentro dela... foram se transformando em idéias e projetos.
Suas palavras encheram cadernos e mais cadernos.
A medida que o tempo passava ela mais escrevia.
Se chorava, escrevia.
Se amava, escrevia.
A escrita foi sua fiel companheira, anos e anos, sempre ali.
Escreveu cartas que nunca terminou,
Escreveu coisas pra dizer que nunca disse,
Escreveu cartas e depois as rasgou,
Escreveu coisas em paredes que provavelmente nunca foram lidas
Escreveu, entregou e disse: ''Lê depois tá?!"
E se arrependeu, muito.
Mas passou.
Porque tudo passa na vida dessa menina, ela tem sonhos flexíveis e passageiros.
Mas não fica mais tão triste por isso.
Aprendeu a aceitar seu próprio modo de ser, porque suas tendências melancólicas foram consumadas.
E o tempo passou bem devagar.
Depois de um giro total experimentado pela mudança que um tal Rei concretizou.
Ela parou um pouco de pensar em suas tristezas, passou a admirar a tristeza dos outros.
E percebeu que na verdade era muito feliz.
Passou a escrever umas cartas para quem a trouxe essa paz.
E cada vez mais, fala coisas pra ele através de suas ''coisas escritas''.
Desse jeito segue sua vida a menina.
Ela caminha pela cidade e fica escrevendo em seu pensamento.
Olha pro lado, e dá um sorriso, se inspira em tons, sons e cores.
E sai escrevendo como louca, tudo que surge nesse seu universo colorido de flores.
...
Mas tenha atenção, porque isso ela não tem:
Você algum dia pode se deparar com essas idéias dela.
Ela pode ser essa ao seu lado no ônibus.
Pode passar cantando uma música que você nunca ouviu.
Pode ser essa que olha distraída para o céu enquanto caminha.
Ou apenas te olhar perguntando, ''Você leu aquilo que escrevi e não te mostrei?''
Ela no fundo, não precisa de aprovação.
Quer apenas escrever eternamente.
Foi isso que sempre fez, desde quando não sabia.
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